No dia 22 de setembro, a equipe do ITD que integra o Projeto CAFÉ 一 ‘Colaboração, Autonomia, Formação e Empoderamento de Trabalhadores’ realizou a terceira formação com trabalhadores resgatados do trabalho análogo à escravidão no setor do café de Minas Gerais.
Participaram do encontro 32 membros da Associação Agroecológica de Aracatu Bahia (AAGROAB). O encontro ocorreu em Aracatu/BA, cidade com residentes que, historicamente, migram para trabalhar na colheita do café em outros estados, a exemplo de Minas Gerais e São Paulo.
A terceira formação teve como objetivo fortalecer um espaço de diálogo entre o ITD e qualificar os/as trabalhadores/as do setor do café em Minas Gerais no que tange seus direitos e, consequentemente, contribuir para combater situações desses trabalhadores em espaços laborais que violam os direitos humanos. Durante as quatro horas de encontro foi realizada uma escuta ativa, a fim de compreender o entendimento dos trabalhadores sobre as violações de seus direitos trabalhistas que, muitas das vezes, os levam a situações análogas à escravidão.
Ao longo da manhã de formação, foram abordadas temáticas fundamentais que contribuem para diminuir a incidência de exploração dos direitos de trabalhadores da cidade de Aracatu. Em primeiro lugar, foram levantados os diversos fatores que contribuem para que os trabalhadores aracatuenses, que hoje fazem parte da AAGROAB e demais cidadãos, decidam migrar para a colheita do café.
Em seguida, foram levantados os fatores que contribuem para o retorno frequente às colheitas do café de trabalhadores em situação de vulnerabilidade ao trabalho escravo. Também foram abordadas as diversas consequências desse tipo de trabalho para estes trabalhadores presentes e para as gerações futuras. Além disso, este tópico permitiu que fosse realizado um exercício de escuta sobre quais são as possibilidades para que os trabalhadores e as gerações futuras consigam romper com o processo que os leva a situações de exploração do trabalho, ao qual foi levantada a importância da educação continuada para a comunidade.
Por fim, durante a formação foi discutida a importância de os trabalhadores conhecerem e reconhecerem seus direitos para que, tendo esta compreensão, possam acionar os mecanismos e sistemas de proteção adequados. Neste sentido, foi acordado que o encontro ocorrerá de maneira periódica, com a intenção de qualificá-los a identificar seus direitos do trabalho, sobretudo o rural, e assegurar a diminuição da reincidência.
O Projeto CAFÉ 一 Colaboração, Autonomia, Formação e Empoderamento de Trabalhadores
O Projeto CAFÉ é financiado pelo Fundo Global para o Fim da Escravidão Moderna em um acordo de cooperação com o Departamento de Estado dos EUA, tendo como objetivo contribuir com o enfrentamento e a prevenção do tráfico de pessoas e do trabalho análogo à escravidão no setor do café no estado de Minas Gerais. O projeto tem como público prioritário os trabalhadores temporários e permanentes do setor do café em Minas Gerais e suas representações, em um esforço para fortalecer a atuação desse grupo na luta contra o trabalho escravo.
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Esta matéria parte de um projeto financiado por uma doação do Departamento de Estado dos Estados Unidos através do Fundo Global pelo Fim da Escravidão Moderna (GFEMS). As opiniões, resultados e conclusões aqui apresentadas são do(s) autor(es) e não refletem necessariamente as opiniões do Departamento de Estado dos Estados Unidos ou do GFEMS.